Vários Locais: Ilha de São Miguel
Curadoria: Dani Admiss
Nas histórias da arte, ciência e cultura, a ilha tem sido
historicamente tratada como um laboratório “natural”
pela sua barreira física. Um ponto final. Fixo. Isolado.
Utopia. Do insular romance fantástico do século XII de
Ibn Tufayl à natureza imaculada e frágeis ecossistemas
das Galápagos, as ilhas ocuparam uma zona no limite
da nossa imaginação, fascinando pela sua plenitude e
isolamento de outros territórios. Mas porque acreditamos
nós na ideia da ilha como fechada?
O ponto de partida do Circuito de Arte Pública de 2018
do Walk&Talk, Assembling a Moving Island, é a visão
da ilha como aberta em vez de a tomar por um espaço
fechado. Como estudiosos observaram, as utopias
não são lugares, são métodos. As ilhas não foram
“descobertas” - mas continuamente refeitas através
de conquista, imigração, meios de comunicação em
massa, comércio, ciência e viagens. Por toda a ilha de
São Miguel, seis comissões de arte pública temporárias
exploram as muitas coisas que atravessam as barreiras
e as fronteiras das ilhas, encarando os Açores como
um modelo aberto, onde questões materiais trazem
preocupações imateriais.
Em vez de um microcosmos desligado do resto do
mundo, os projetos sugerem que vejamos a ilha como
um conjunto de muitas coisas, composições, compostos,
fluxos, fricções, incorporações, falsificações, invenções,
agregados, encaminhados. Cada obra de arte concentrase
em que encontros são exercidos sobre os seres,
objetos, ideias e informações, à medida que estes
entram e saem dos contextos insulares e podem ser lidos
como modelos experimentais dentro de sistemas pré-determinados