Circuito Exposições, Residências Artísticas
In(sul)ar
Em desenvolvimento 2018/2019
São Miguel
O projeto tem o apoio
Pico do Refúgio
Coral de São José
O projeto será apresentado no contexto do Circuito de Exposições. O Circuito mapeia um conjunto de projetos individuais inéditos, apresentados em simultâneo em vários espaços de Ponta Delgada, pelos artistas Andreia Santana, Gonçalo Preto, Maria Trabulo, Rita GT, Mónica de Miranda, Miguel C. Tavares & José Alberto Gomes e Diana Vidrascu. Com curadoria de Sérgio Fazenda Rodrigues, o circuito explora a ideia de “identidade”, na sua relação com o género, história, paisagem, arquitetura, arqueologia e outros campos das ciências, para refletir a atuação do coletivo na construção do “lugar” geográfico, ao mesmo tempo social, cultural e emocional, síntese e contentor de identidades fluidas e autónomas.
O projecto In(sul)ar assinala a dicotomia realidade-ficção, pela criação de meta-imagens de uma ilha imaginada onde tempos e espaços se confundem entre si . O projecto será constituído pela criação de video e fotografia que investiga o território dos Açores como um lugar no atlântico de cruzamento entre Europa, América e África.
O meu trabalho de investigação e de criação artística tem vindo a reflectir de forma recorrente o espaço: diferentes latitudes e longitudes, identidades, mapeamento e o corpo. Vivendo e trabalhando entre Lisboa e Londres, os espaços insulares são me familiares e a liminariedade identitária uma realidade com que vivo e convivo. Neste projecto In(sul)ar quero dar continuidade ao meus trabalhos anteriores tais como o projeto Arquipélago (2014) onde recriei paisagens a partir de imagens das ilhas como São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Maurícias, e assinalei a dicotomia realidade-ficção, pela criação de meta-imagens de ilhas imaginadas e tempos e espaços que se confundem entre si. O trabalho Atlantic-viagem ao centro da Terra (2017), dá também continuidade a estes temas mas propõe uma viagem através de um corpo, nem sempre visível, o qual cria uma ilha imaginária, um arquétipo da ilha vulcânica que, neste caso, se trata da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, mas que poderia ser em qualquer outro lugar. Viagem ao centro da Terra é, também, a metáfora de uma viagem ao interior de cada indivíduo como forma de desconstrução da identidade como uma origem fixa e irreversível e da dicotomia entre natureza e cultura, a vida e a morte.
O projecto In(sul)ar expande apartir deste trabalho já realizado mas quer criar uma representação de algumas ilhas dos arquipélagos dos Açores através da representação das paisagens onde quero acentuar a dualidade entre o oceano e a terra das ilhas, uma diferenciação física mas simultaneamante imaterial, enquanto imaginário que remonta aos primórdios da humanidade, e por isso mesmo metafísica, entre o fluído e a solidez. A ilha, fendida pela necessidade de conhecer o que se esconde sob a terra, que naturalmente suporta o oceano e que respira nas bocas vulcânicas das ilhas atlânticas da macaronézia, como os Açores. As imagens que quero recriar olham para a mitologia das ilhas como locais cercados por água, votados ao isolamento, que têm representado importantes fontes de fascínio e de fruição do imaginário individual e coletivo, tendo inspirado alguns dos maiores clássicos da literatura ocidental como são os casos de Odisseia e Ilhas dos Amores. No projeto In(sul)ar pertendo fotografar paisagens de origem vulcânica nos Açores e trabalhar com a representação do Vulção e seu magnetismo Sul/Norte como uma metáfora da reversibilidade e interdependência entre as dicotomias vida/morte, criação/destruição, natureza/cultura que, como um dipolo, se atraem mutuamente até se transmutarem, o Norte no Sul, a morte na vida.