exposição
Secretary of the Invisible+info
04 mar ➔ 28 mai
Tanya Busse é uma artista visual que trabalha com imagem em movimento, instalação e fotografia. A sua prática revela a síntese de uma natureza frequentemente combinada com uma presença industrial e pós-humana. Interessa-se por tempos profundos (deep-time), arquitetura invisível e pela forma como a energia é produzida e articulada através de materiais, relações e geografias. Atualmente baseada em Tromsø, Noruega, muito do seu trabalho é informado pela matriz de fluxos locais e globais.
A zona onde Busse vive é muitas coisas: um território de renas, de rotas migratórias em terra e no mar, mas também de plataformas petrolíferas e refinarias, bases militares, estações de radar e campos de teste. Esta atividade sombria sugere a necessidade de um futuro alternativo, oposto ao cenário apocalíptico a que estes extrativismos nos conduzem. É aqui que Tanya Busse situa a sua prática, numa tentativa de propor alternativas ao complexo militar-industrial, às indústrias extrativas e às narrativas coloniais, através de projetos pessoais e coletivos.
Tal como em outros projetos de Busse, a exposição Secretary of the Invisible regista o que está escondido e fora de vista, e fundamenta-o na força material da imagem. As suas fotografias e imagens em movimento apreendem os ciclos de crescimento orgânico e morte, a produção e consumo de energia, e os seus mecanismos de distribuição - tanto artificiais como naturais. Há uma sugestão de um excesso de materiais: o sangue, suor e lágrimas do corpo, e os resíduos e desperdícios de projetos de infraestruturas de grande escala – vestígios de trabalho, amor, e vida vivida.
A exposição Secretary of the Invisible foi especificamente produzida para ser apresentada em simultâneo com a chegada de Tanya Busse à ilha de São Miguel. Com esta seleção de obras – pré-existentes e novas, a exposição pretende funcionar como um ponto de referência e estrutura de apoio que acompanha a sua pesquisa nos Açores. Uma introdução generosa ao seu trabalho e um ponto de encontro físico para partilhar e estabelecer ligações com Busse e os seus temas de interesse, como artista em residência da TEMPORADA #1.
Durante a sua residência, a relação entre os seus dois principais pontos de referência – Canadá Atlântico e o Norte da Noruega –, e agora os Açores, estabelece uma base triangular para uma investigação sobre o oceano, enquanto espaço geográfico central de manifestação de tensões. Ao longo das costas escarpadas, reunirá material, características geológicas e traços sociais de processos políticos e económicos intangíveis, tais como zonas marítimas, rotas migratórias, desenvolvimento terrestre militar e outras realidades abstratas existentes nas ilhas.