Curadoria Jesse James
Em 1984, os Alphaville imortalizavam a juventude em “Forever Young”, entre desejos de eternidade, a procura de um propósito na vida e a consciência da morte. A canção, escrita na Alemanha em plena guerra fria, partilha numa das estrofes “Let us die young, or let us live forever / We don’t have the power, but we never say never”, assumindo a sua distância do poder e das instituições, mas deixando claro que há movimentos de resiliência, simultâneos e paralelos, capazes de reagir e responder a inquietações sociais, políticas e culturais.
“Não ter o poder” nunca impediu o processo de se pensar outras estruturas e economias de produção, inclusive no sistema artístico. Se muito, motiva a reflexão e a mudança, onde reclamar por novos espaços é trabalhar pela sua visibilidade e pela criação de um debate intergeracional que recusa lógicas de permanência, para valorizar a interpretação, transferência, apropriação e reinvenção de ideias, normas e processos. É aqui que estamos, enquanto geração e coletivo, a nunca dizer nunca e a começar, a questionar, a procurar e a trabalhar por outros lugares de possibilidade e alternativa. De inscrição.
Pensar a vaga é procurar formas de amplificar estas novas vozes e destacar as suas pronúncias, inspirando processos de programação que se criam em comum. Esta temporada faz-se com artistas e participantes que pensam e produzem as artes e a cultura a partir do arquipélago. Nasceram todes depois de 1984, são das ilhas e estão ligados ao mundo pela universalidade das suas práticas, ideias e afetos.
Download Folha de Sala