A dupla João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira desenvolve uma investigação formal e conceptual que questiona construções sociais e políticas, ancorada e expandida a partir de uma perspetiva queer.
“É o pau, é a pedra, é o fim do caminho.”
Não existindo consenso quanto a origem do nome da vila de Água de Pau, nem nas descrições de Gaspar Fructuoso em Saudades da Terra, nem nos diversos artigos reunidos por Carreiro da Costa em Etnologia dos Açores, os artistas propõem uma relação direta entre o nome da vila e a existência de uma nascente que estivesse na origem desse nome, dando continuidade à sua pesquisa sobre processos históricos e formação de identidades. A intervenção dos artistas consiste numa escultura em bronze feita a partir de um pau de madeira, encontrado numa das visitas que realizaram à vila em fevereiro de 2021, e que se encontra embutida dentro de uma parede. Esta escultura foi transformada em fonte e das duas terminações visíveis na parede, galhos com evidentes semelhanças antropomórficas, sai água como se de duas bicas se tratassem. A existência deste “pau” escondido de onde brota água, dissipado ao longo do tempo, deverá estar envolto em segredo e mistério, acabando por se confundir com as mitologias locais sobre a origem da toponímia da vila.