O FUSO Anual de Video Arte Internacional de Lisboa viaja pela primeira vez até aos Açores a convite do Walk&Talk e, nos dias 10 e 11 de outubro, transforma os Claustros do Museu de Angra do Heroísmo numa sala de cinema ao ar livre onde serão apresentadas obras em vídeo que cruzam as artes plásticas, a performance, o cinema, a literatura e os meios digitais, propondo uma nova abertura à imagem em movimento do século 21. O programa em exibição intitula-se Reload, tem a curadoria de Marta Mestre e integra 12 trabalhos de autores portugueses e estrangeiros premiados no FUSO.
PROGRAMA SESSÃO #1
Duração | 43’
RAQUEL SCHEFER | AVÓ (MUIDUMBE), 2010, 10'49''
VICTOR JORGE | LANDSCAPE, 2013, 2’11’’
BRUNO RAMOS | FACTORY, 2012, 10’19’’
SALOMÉ LAMAS | A TORRE, 2016, 8’
LEALVEILEBY | THE TWO HEADED BULL AND OTHER PORTUGUESE FABLES, 2017, 7’41’’
JOÃO LEITÃO | O RETRATO DE IRINEU, 2014, 4’
>> Artistas e sinopses
_RAQUEL SCHEFER // AVÓ (MUIDUMBE), 2010, 10'49''
Retrato de uma família colonial em Moçambique, ex-colônia Portuguesa, em 1960. Uma sequência de material de arquivo familiar é o ponto de partida de um vídeo sobre a relação da artista com um território imaginário - a vila de Muidumbe, em Moçambique, em 1960, então administrada pelo seu avô. A artista transforma-se gradualmente na sua avó para explorar e desconstruir os lapsos discursivos entre o texto (cartas familiares), memórias pós-coloniais e imagem de arquivo, procurando os traços de um território (ou de um desejo de territorialização) obsessivo.
BIO
Raquel Shefer (Porto, 1981) é realizadora e doutoranda em Estudos Cinematográficos na Université de la Sorbonne Nouvelle - Paris 3, onde prepara uma tese sobre a representação cinematográfica da história contemporânea, sob a orientação de Philippe Dubois. Publicou o livro “El Autorretrato en el Documental” em 2008, na Argentina, país onde concluiu um mestrado em Cinema Documental. Realizou curtas-metragens e vídeos, apresentados em diversos festivais e exposições, como o FIDMarseille, o Berlinale Talent Campus ou a Trienal de Mármara. “Avó (Muidumbe)”, curta-metragem produzida no âmbito do Curso de Videoarte da Fundação Calouste Gulbenkian, recebeu o prémio de melhor filme na secção competitiva do Festival FUSO 2010, em Lisboa.
_VICTOR JORGE // LANDSCAPE, 2013, 2’11’’
Filme Found-Footage Super8 de 1979, recuperado e restaurado com uma série de movimentos de câmara panorâmicos, numa paisagem com som/música de Lionel Ritchie, “All Night Long”.
Vencedor do prémio FUSO| FUNDAÇÃO EDP/MAAT ARTE, 2013.
BIO
Victor Jorge (Lisboa, 1971). Fez o curso de video/cinema e som de autor no Ar.Co. Estudou teatro (F. C. Gulbenkian, Lisboa e Estúdio do Método, Londres). Fez dança no Rui Horta, Buthô com Catherine Chu e frequentou Filosofia na Univ. Nova de Lisboa. Tem exposto o seu trabalho entre Portugal, EUA, Itália, França.
_BRUNO RAMOS // FACTORY, 2012, 10’19’’
No centro de Londres, P. Sylva leva uma vida incomum. É um fantasma numa das mais movimentadas cidades do mundo e defende o seu modo de vida. Factory explora a relação entre a pessoa e o espaço que ela habita, através de um conjunto de movimentos pré-determinados. O filme foi criado com base numa pré-definida narrativa audiovisual e centrada na vida quotidiana do personagem.
Com: P. Sylva, H. Hassan; Realização: Bruno Ramos; Desenho de Som: Sergio Cruz
BIO
Bruno Ramos nasceu em 1975 em Lisboa. Estudou fotografia, cinema e crítica de arte contemporânea. O seu trabalho como artista plástico tem sido desenvolvido e exposto internacionalmente. Em 2006 foi finalista do prémio BES revelação em fotografia e em 2010 foi-lhe atribuída a bolsa Gulbenkian para desenvolvimento académico no estrangeiro. Em 2012 ganhou o prémio Fuso Videoarte pelo seu vídeo Factory. Vive e trabalha em Londres.
_SALOMÉ LAMAS // A TORRE, 2016, 8'
Talvez a experiência de Kolja de subir ao topo da árvore, de metamorfosear o seu corpo (humano) com a árvore (natureza) aventurando-se na fronteira da terra com o céu, venha confirmar a sua pureza de espírito, a grandiosidade dos idiotas ou a imbecilidade dos místicos. Ou será tudo isto junto? Talvez seja um sintoma dos iluminados ou somente um suicídio elaborado.
BIO
Salomé Lamas (Lisboa) estudou cinema em Lisboa e Praga, artes visuais em Amestredão e é candidata a um doutoramente em estudos da arte contemporânea em Coimbra. O seu trabalho tem sido exibido tanto em feiras de arte como em festivais de cinema como a Berlinale, Museu Rainha Sofia, MNAC- Museu do Chiado, DocLisboa, Cinema du Réel, Visions du Réel, MoMA – Museum of Modern Art, Museo Guggenheim Bilbao, Harvard Film Archive, Arsenal Institut fur film und videokunst, Viennale, Culturgest, CCB - Centro Cultural de Belém, Museu Serralves, Tate Modern, CPH: DOX, Centre d’Art Contemporain de Genève, Bozar, SESC São Paulo, MAAT, La Biennale di Venezia Architettura, entre outros. Lamas recebeu várias bolsas tais como The Gardner Film Study Center Fellowship – Harvard University, The Rockefeller Foundation – Bellagio Center, Fundação Calouste Gulbenkian, entre outros. Paralelamente colabora com a Universidade Católica Portuguesa e Elias Querejeta Zine Eskola.
_ LEALVEILEBY // THE TWO-HEADED BULL AND OTHER PORTUGUESE FABLES, 2017, 7'41''
Filmado com uma câmara digital portátil e com imperfeições cinematográficas, como grão adicionado na pós-produção, este vídeo utiliza "títulos" da era do cinema mudo para criar um jogo antropomórfico que revela a facilidade com que projetamos traços humanos em tudo à nossa volta através da linguagem. O vídeo lembra-nos de como o texto e a imagem moldam constantemente a nossa compreensão do mundo.
BIO
LealVeileby é uma dupla constituída por António Leal (Lisboa, Portugal, 1976) e Jesper Veileby (Karlstad, Suécia, 1985). Vivem e trabalham em Malmö, na Suécia, mas mantêm um atelié em Lisboa que utilizam frequentemente. Utilizando uma variedade de médios como o video, objectos ou instalação, a dupla investiga a natureza da arte e da produção de conhecimento. A sua prática é descrita como uma exploração lúdica dos territórios científico, oculto e linguístico. Em 2017 a dupla recebeu uma bolsa anual de trabalho da Swedish Arts Grants Committee. Leal concluiu o mestrado em Belas Artes na Academia de Arte de Malmö (2009-11, tutora Gertrud Sandqvist) e frequentou o Independent Study Program da Maumaus - School of Visual Art em Lisboa (2006-09). Veileby concluiu o bacharelato e o mestrado em Belas Artes na Academia de Arte de Malmö (2009-14, tutor João Penalva). A dupla mostrou individualmente no Espaço Campanhã (Porto, PT, 2018), na Konsthall K (Karlstad, SE, 2014), Espaço Campanhã (Porto, PT, 2013) e Galleri Pictura (Lund, SE, 2012). Das mostras colectivas destacam-se: Fuso - Video Art Festival, MAAT (Lisboa, PT, 2017), XIX Bienal de Cerveira (Vila Nova de Cerveira, PT, 2017), Sjöbo konsthall (Sjöbo, SE, 2017) e Inter Arts Center (Malmö, SE, 2015).
_JOÃO LEITÃO // O RETRATO DE IRINEU, 2014, 4’
Irineu: incapaz de esquecer e dotado de uma memória infalível.
BIO
Licenciado em Teatro (Dramaturgia), pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e mestre em Arte Multimédia (Audiovisuais), pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Actualmente, é doutorando na mesma instituição. Enquanto criador, funda o colectivo performativo 3.14 (2010-2012) e, em 2012, integra o colectivo SillySeason. Desenvolve, regularmente, projectos de vídeo arte, os quais foram exibidos a nível internacional e/ou premiados a nível nacional. É representado pela plataforma francesa Heure Exquise: Centre International pour les Arts Vidéo, tendo colaborado com: Mole Wetherell (2012), Rabbit Hole (2014), VIDEOLOTION (2015-2017), Elmano Sancho (2015), Ana Jezabel e António Torres (2017), Daniel Gorjão/Teatro do Vão (2017) e João Pedro Fonseca (2017).
Bio Curadora
MARTA MESTRE
Marta Mestre trabalha como curadora, editora e crítica de arte desde 2005. Licenciada em História de Arte, com Mestrado em Cultura e Comunicação. Curadora no Instituto Inhotim, Minas Gerais (2016-2017), curadora-assistente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2010-2015), curadora convidada em Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro (2016) e coordenadora do Centro de Artes de Sines, Portugal (2005-2008). É co-curadora de 'Imago', projeto de difusão de autores de teoria da imagem, e colabora regularmente na plataforma digital 'Buala'. Entre outros, recebeu: bolsa 'Laboratório Curatorial / SPArte, São Paulo 2012' e Travel Grant Award / CIMAM. Doha 2014'. Organizou vários projetos, individual e coletivamente, principalmente em instituições públicas, com ênfase na pesquisa em "contra-narrativas", curadoria e arquivos de artistas. Escreve regularmente ensaios para catálogos de instituições e museus, e participa em júris de prémios de artes visuais.