O FUSO Anual de Video Arte Internacional de Lisboa viaja pela primeira vez até aos Açores a convite do Walk&Talk e, nos dias 10 e 11 de outubro, transforma os Claustros do Museu de Angra do Heroísmo numa sala de cinema ao ar livre onde serão apresentadas obras em vídeo que cruzam as artes plásticas, a performance, o cinema, a literatura e os meios digitais, propondo uma nova abertura à imagem em movimento do século 21. O programa em exibição intitula-se Reload, tem a curadoria de Marta Mestre e integra 12 trabalhos de autores portugueses e estrangeiros premiados no FUSO.
PROGRAMA SESSÃO #2
Duração | 56’26’’
NUNO LACERDA | Mapa Museu, 2014, 8’08’’
MACIEL SANTOS E JOÃO CRUZ | Ping Punk King Pong, 2015, 5’42’’
CINZA NUNES | REBENTARAM AS ÁGUAS, 2018, 5’31’’
FRANCISCA MANUEL |Avenida 211, 2018, 7’
LUCIANO SCHERER & MAÍRA FLORES | Sem título, 2018, 5’05’’
JOSÉ CARLOS TEIXEIRA | ON EXILE, elsewhere within here, 2018, 25’
Artistas e sinopses| Artists and synopsis
_NUNO LACERDA // Mapa Museu, 2014, 8’08’’
Uma arquitectura fictícia suspensa no tempo e no espaço, tal como os seus habitantes.
BIO
Nasceu em 1983 em Lisboa, onde reside e trabalha. Concluiu em 2008 a licenciatura (Pré-Bolonha) em Artes Plásticas - Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A par do seu trabalho individual, sobretudo em vídeo, instalação-vídeo e ilustração, participa em vários projectos colectivos de teatro e música.
_ MACIEL SANTOS E JOÃO CRUZ // Ping Punk King Pong, 2015, 5’42’’
Um palco, público, dois jogadores e muita acção. Tudo isto num curto e empolgante jogo de ping pong que acontece numa sala de espectáculo, onde o improvável se torna real e o jogo transforma-se em algo (im)possível. Ping Punk King Pong é o nome deste vídeo que questiona seriamente, mas de forma “cómica” as nossas crenças.
BIO
Maciel (1982), vive e trabalha em Sesimbra. Estudou arquitectura no ISCTE e licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa. Tem participado em exposições colectivas e individuais em Portugal e no estrangeiro.
João Cruz nasceu em 1986. Licenciado em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, fez parte do curso “Projeto Individual” no AR.CO. O seu trabalho transita entre o desenho, pintura, instalação, tapeçaria, street art e vídeo.
_ CINZA NUNES // REBENTARAM AS ÁGUAS, 2018, 5’31’’
Partindo da ideia de que não há vida sem água, este ensaio compila todos os planos da série Final Destination que apontam os líquidos como possível causa de morte.
Imagem e Som recolhidos da série de filmes Final Destination. Seleção e Montagem por Cinza Nunes.
BIO
Cinza Nunes nasceu em 1988 em Faro e estuda atualmente Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Colabora como modelo/performer com a artista Raquel Melgue desde 2008 e desenha cartazes para eventos à Pala de Walsh e para os filmes de Ricardo Vieira Lisboa desde 2015. Teve uma exposição individual intitulada THIS IS FOR Ü na Galeria Germinal, em 2017, que incluía vídeo, instalação, desenho e colagem, sob curadoria de Sabrina D. Marques. O filme ü, criado nesse contexto, foi selecionado para o FUSO Anual de Video Arte Internacional de Lisboa no mesmo ano.
_ FRANCISCA MANUEL (PT) // Avenida 211, 2018, 7’
Entre 2006 e 2014, um edifício na Avenida da Liberdade em Lisboa foi espaço para cerca de cinquenta artistas nacionais e internacionais, na ideia de desenvolverem a sua prática artística. Ao longo destes anos, aconteceram uma série de eventos incluindo concertos, improvisações, performances, workshops, aulas e maioritariamente exposições colectivas e individuais. Após o surgimento do Novo Banco, o espaço Avenida foi vendido por milhões de euros, para dar lugar a um condomínio de luxo. Aqui o próprio edifício é retractado como uma personagem, acolhendo alguns depoimentos fantasma de artistas que por ali passaram.
Realização, Imagem e Montagem: Francisca Manuel | Som: Tomás ven der Osten | Corecção de cor: Arena Filmes A partir de depoimentos dos artistas: André Guedes, Gonçalo Sena e Pedro Neves Marques
BIO
Pós-graduada em Arte Multimédia, pela FBAUL. Frequentou o curso de Arquitetura entre 2002 - 2005 e concluiu o curso de Cinema e Artes plásticas em 2008. Realizou "A Coragem de Lassie" (2009) sobre a artista Ana Jotta. Prémio internacional de melhor documentário sobre arte (New York Independent FilmandVideoFestival 2009). Em 2011, ganhou a bolsa Inov-Art e trabalhou com cinema documentário etnográfico no Brasil. Em Amesterdão, foi assistente da artista Fiona Tan para a exposição Options & Futures, Rabo Kunstzone, Utrech no ano de 2013.
Realizou as vídeo instalações: Madame (2013), FUSO Open cal 14 - Anual de VideoArte Internacional de Lisboa; Desterro (2015), Arquiteturas Film Festival 15; Travel Shot (2015), LOOPS.LISBOA - Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado e Catherine ou 1786 (2017), Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, Açores. Desde 2007 é autora e colaboradora em projetos audiovisuais com artistas, performers e arquitetos.
_ LUCIANO SCHERER & MAÍRA FLORES // Sem título (5), 2018, 5’05’’
Sem título é um filme a partir da série de videoperformances realizadas nos últimos anos - Filmes de Afogamento (Work in progress). Durante a primeira apresentação desses trabalhos, ocorre o afogamento do menino sírio-curdo Aylan Kurdi, encontrado morto na praia de Bodrum, em 2015 na Turquia, quando em uma tentativa de imigração. O corpo da criança choca, pois ninguém espera vê-la, tão jovem, morta. Desde então, os corpos continuam a chegar. A nova política anti-migração é um dado contemporâneo que alastra-se pelos continentes, fruto de uma memória seletiva, que comumente ignora sua própria história e existência enquanto cultura. A imagem da morte, na cultura ocidental, tende a ser afastada de nosso olhar, quando relativa ao próximo, e ao mesmo tempo banalizada, quando do outro. É essencialmente uma imagem que não queremos ver. Retornar com a imagem da morte, para que relembremos. E assim possamos pensar a existência e suas condições. Memento Mori, ou lembra que morrerás. Tu e eles.
BIO
Luciano Scherer (Brasil, 1987) é artista e diretor de cinema, realizando Doutoramento em Cinema na Universidade de Lisboa. Estreia no cinema com o filme Ruby (2015), como diretor, produtor, ator e diretor de arte, bem como responsável pela montagem. Ruby recebeu 13 prêmios nos últimos anos, incluindo da Crítica, Público e Revelação no Festival Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal, 2015) e Melhor Filme na Mostra do Filme Livre (Brasil, 2016). Luciano realizou exposições individuais e coletivas com um trabalho em instalação, pintura e objetos.
Maíra Flores (Brasil, 1990) é artista e diretora de cinema. Expôs individualmente na Fundação Ecarta (2015) e na Galeria Península (2015), em Porto Alegre, Brasil, bem como realiza exposições coletivas em outros estados. Seu trabalho transita pelos objetos, instalação e vídeo. Maíra desenvolve atualmente seu primeiro filme de ficção, feito com Luciano Scherer, a ser lançado em 2019.
_ JOSÉ CARLOS TEIXEIRA // ON EXILE, elsewhere within here, 2018 - 25'
No cruzamento entre cinema documental, arte e antropologia, ON EXILE, elsewhere within here investiga conceitos de migração, deslocação e alteridade. Através de entrevistas com refugiados de comunidades muçulmanas do Médio-Oriente e Norte de África, asilados nos Estados Unidos, este filme experimental constrói retratos psicológicos íntimos, inserindo-os num contexto histórico e político determinado. Estética e eticamente empenhado no encontro etnográfico e nas delicadas questões da representação do Outro, o autor procura ouvir e inscrever as vozes dos refugiados, em oposição a um discurso dominante que lhes nega agência ou existência própria. ON EXILE convida-nos, assim, a uma reflexão e um tempo demorados, a um processo necessário de empatia e intersubjectividade – “para nos devolver o Outro, ou nos devolver ao Outro” (J. Pinharanda).
*Esta é uma versão reduzida do original de 70 minutos
BIO
José Carlos Teixeira (Porto, 1977), artista visual e investigador, obteve o seu mestrado na University of California Los Angeles (UCLA), como bolseiro Fulbright, e a sua licenciatura na FBAUP. Das exposições individuais recentes, destacam-se as no MAAT e no Madison Museum of Contemporary Art. Tem apresentado o seu trabalho internacionalmente em instituições como o Hammer Museum, LACE (Los Angeles), Museum of the City of New York (NY), MOCA, Spaces (Cleveland), Württembergischer Kunstverein (Estugarda), DAZ (Berlim), entre muitas outras. Os seus filmes têm sido exibidos em festivais como o Rencontres Internationales Paris/Berlin, Currents New Media Festival, LA Freewaves e Athens International Film and Video Festival. Em 2005, foi nomeado para o Prémio Novos Artistas EDP, e recebeu o Prémio do Júri no Festival FUSO em 2011. Foi artista residente na Akademie Schloss Solitude (Alemanha), MacDowell Colony e Headlands Center for the Arts, sendo actualmente docente na UW-Madison (EUA).
Bio Curadora
MARTA MESTRE
Marta Mestre trabalha como curadora, editora e crítica de arte desde 2005. Licenciada em História de Arte, com Mestrado em Cultura e Comunicação. Curadora no Instituto Inhotim, Minas Gerais (2016-2017), curadora-assistente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2010-2015), curadora convidada em Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro (2016) e coordenadora do Centro de Artes de Sines, Portugal (2005-2008). É co-curadora de 'Imago', projeto de difusão de autores de teoria da imagem, e colabora regularmente na plataforma digital 'Buala'. Entre outros, recebeu: bolsa 'Laboratório Curatorial / SPArte, São Paulo 2012' e Travel Grant Award / CIMAM. Doha 2014'. Organizou vários projetos, individual e coletivamente, principalmente em instituições públicas, com ênfase na pesquisa em "contra-narrativas", curadoria e arquivos de artistas. Escreve regularmente ensaios para catálogos de instituições e museus, e participa em júris de prémios de artes visuais.