O projeto In(sul)ar assinala a dicotomia entre realidade e ficção, pela criação de meta-imagens de uma ilha imaginada, onde o tempo e espaço se confundem entre si. O projeto é constituído por uma instalação de vídeo, som e fotografia, e averigua o território dos Açores como lugar atlântico, que existe no cruzamento entre a Europa e a África.
In(Sul)ar é um trabalho de investigação e criação artística que reflete a relação entre o espaço, a memória e a história, bem como o mapeamento do corpo e a sua relação com a arquitetura, e a identidade. O projeto desenvolve estes conceitos em torno das ilhas do arquipélago dos Açores, assente na representação da paisagem e da sua relação com a arquitetura. Assim, o trabalho acentua a dualidade entre a ruína do projeto turístico e colonial, representado aqui pela presença disruptiva do Hotel Monte Palace, que contrasta com a ideia romântica de uma paisagem tropical. In(sul)ar remete-nos, também, para um universo imaterial, imaginário, que alude a uma outra geografia (metafísica), situada entre o que flui e o que é sólido, entre construção e desconstrução, ruína e memória do local – aqui, fora do seu lugar. Um universo entre o canto erudito (em coro) que apela às reminiscências de um passado colonial, e a desconstrução do sentido actual de pertença, que é alimentado pela complexidade dos atuais fluxos migratórios. In(sul)ar procura uma identidade que vive da deambulação e se constrói através das ruínas do passado, e dos sons que emergem da penumbra. Algo que surge do interior da terra e se expande ao interior do corpo, questionando o lugar do indivíduo na narrativa da pertença e do lugar. Este é um projeto que surge, também, de uma residência desenvolvida com o artista Sounslikenuno (Chullage), assente na construção do som. O projeto propõe uma viagem através de um corpo que nem sempre é visível, mas que se revê numa ilha imaginária, entendida como arquétipo da ilha vulcânica. Lida como metáfora de uma viagem ao interior do indivíduo, essa ilha opera uma desconstrução da identidade, enquanto origem fixa e irreversível, sublinhando a dicotomia entre a natureza e cultura, vida e morte.