exposição
Jumping into existence+info
15 jul / 19h
Jumping into existence é a primeira exposição individual de Cristóvão Maçarico, vencedor do Jovens Criadores W&T 2022, onde apresenta uma série de fotografias analógicas e uma peça de som, que constituem um diário e viagem visual, onde o passado não é apenas uma memória, mas a base sólida do futuro.
Pode a forma como olhamos para o lugar ser o reflexo de quem somos? Maçarico tem vindo a trabalhar com fotografia analógica enquanto forma de se relacionar com as várias dimensões dos lugares com que se relaciona, a nível humano e emocional.
Na série que aqui apresenta, Jumping into existence, marca um ponto de entrada num novo ciclo. Após um período fora da ilha onde viveu nos últimos anos, regressa a ela e propõe-se a um olhar renovado sobre a mesma. A ilha mantém-se; ele não. Este olhar é registado em fotografia sob o formato de um diário visual onde toma lugares, pessoas, paisagens, animais e objetos como ponto de partida para conectar as suas memórias do passado ao presente, agrupando imagens que com os olhos de hoje lhe permitem ver o passado de forma diferente. Barthes descreveu a fotografia como “a imagem viva de uma coisa morta”. As pessoas retratadas nas fotografias pertencem a lugares que marcaram a mente de Cristóvão, de Enschede, na Holanda, a São Miguel, entre outros locais, e ativam aquele “punctum” que o filósofo Roland Barthes costumava definir como uma das forças fundamentais da fotografia.
O uso da fotografia analógica como técnica exige uma gestão de recursos materiais e de tempo, mas também possibilita uma materialidade tanto no resultado final, como no processo. Através da dupla exposição de imagens reais com imagens de lugares fabricados (maquetes), enfatiza o caráter premonitório das fotografias como imagens de desejo. Os lugares registados são espaços de possibilidade. Registados entre Lisboa e São Miguel, possibilitam a existência do artista nos moldes por si decididos.
Este registo aparentemente antropológico é antes um ensaio sobre o eu, relações humanas, sobre o estar e o cuidar, e ainda sobre a ideia de morte enquanto final de ciclos e, consequentemente, início de outros.