A obra de Mané Pacheco desenvolve-se numa prática interdisciplinar em que articula reflexões sobre o modo como a espécie humana se organiza e estabelece relações (de poder), abordando estas questões do ponto de vista biológico, social e fisiológico, num trabalho artístico que se expande através do desenho, escultura, instalação, vídeo, fotografia e performance.
Pelágica reflete sobre a recente classificação do arquipélago dos Açores como um Hope Spot: área crítica para a conservação dos oceanos (e da vida na terra), resultante da sua única e excepcional biodiversidade marinha. As condições geográficas e demográficas dos Açores, geralmente apresentadas enquanto ‘obstáculos’, tornam-se agora uma vantagem evolutiva, evidenciando este lugar como único para a preservação e conhecimento das dinâmicas entre seres vivos. A exploração pelágica introduz-nos organismos e ambientes nunca antes observados e é nesta esfera que o projeto adquire espaço para a especulação sobre o invisível submerso como lugar de potencial cooperação ecossistémica (com o ser humano e a tecnologia), propondo relações matriciais com possíveis evoluções filogenéticas passadas ou futuras. Em Pelágica, presume-se que estas relações (positivas) são uma forma de (bio)inteligência coletiva.