Através de um comando que passa pela simples ação de pedir diretamente para dizer, esta peça enche de palavras a boca do espectador. O comando torna-se um ponto de relação entre espectador e performer e um dispositivo de diálogo entre espectadores. Vozes e perspetivas plurais são distribuídas através de um texto que reage ao discurso vigente da classe média ocidental, parodiando lógicas discursivas quotidianas que, extremadas, denunciam o obsceno por detrás do politicamente correto. O dispositivo contém em si a força ou o perigo de se falar com as palavras de outro, criando fortes jogos de identificação e repulsa pelo que se diz: “Diz que me emprestas dinheiro se eu não arranjar trabalho. Diz que acreditas que depois te pago. Diz que não me deixas a viver na rua assim vestido. Diz-me que não estamos aqui a viver a típica situação de uma pequena burguesia de esquerda a empatizar com os pobrezinhos. Diz-me que não estamos! Diz! Não negues que estás!”