O que pode um ambiente recordar? Como poderá uma ruína no arquipélago dos Açores trazer à luz as histórias destrutivas dos projetos nucleares franceses no deserto do Saara e no oceano Pacífico?
Em 1964, foi erguido um observatório militar na ilha das Flores, para avaliar os testes de mísseis franceses através do Atlântico. Os mísseis inspecionados através desta lente eram um recipiente inseparável das ogivas nucleares utilizadas nos testes destrutivos no Saara e no Pacífico. Num continuum de sinais - registo, deteção e transmissão - o observatório das Flores atuou como mais do que uma testemunha. Esta ecologia mecânica participou ativamente no projeto nuclear francês.
Através das ecologias de media do observatório, das relações em rede dos testes nucleares e de vestígios botânicos, esta experiência estético-política procura refletir sobre a justaposicionalidade enquanto meio de traçar e questionar histórias sócio-ambientais da ocupação militar francesa nas Flores.