Diana Vidrascu apoia-se no imaginário
tectónico que informa o arquipélago dos
Açores e estabelece a narrativa de um
documentário experimental, onde explora
um recorte científico mas, também,
ficcional. Os vulcões irrompem da terra,
marcam a instalação vídeo e enquadram
um conjunto de fotografias sonorizadas,
que a artista também apresenta.
VULCÃO: Nos Açores, na junção de três
placas tectónicas, existe um movimento
constante e uma incessante atividade
sísmica - o tempo colide, as montanhas
movem-se e as imagens aparecem como
novas ilhas que emergem do oceano.
Isso cria a premissa de uma terra mítica,
geológica, onde as narrativas são pensadas
num ritmo acelerado de 24 tremores por
segundo, abrindo caminho a uma expansão
da linguagem cinematográfica. Usando
técnicas de filmes analógicos e efeitos
de uma impressora óptica, Vulcão cruza
tempos, formas e referências distintas.
Intersetando a experimentação abstrata e o
documentário narrativo, distorcem-se
figuras e conceitos, trabalhando a
ideia de uma cronologia alternativa.
O oceano transforma-se em lava e as
imagens adoptam novos formatos,
enquanto a memória muda de uma
referência sólida para algo que se dilui.
TIMESHORES: Detetando presenças
invisíveis, a fotografia infravermelha
permite analisar o território de um modo
distinto. As fotografias da série Timeshores
mostram paisagens suspensas como
momentos fugazes de uma era geológica.
Uma era de vulcões e continentes sem
forma, anteriores à escrita da história.
Juntamente com a sonoridade que as
acompanha, cada imagem surge aos olhos
do espectador como o reflexo de um sonho
esquecido. Como numa subida à superfície,
estas imagens reiteram os movimentos da
instalação Vulcão sendo, simultaneamente,
capítulos de uma narrativa e suportes
que acolhem animações.
Como o movimento robótico de
um observador artificial, ou como uma
divindade vulcânica que olha a Terra,
a câmara de filmar procura o que se
esconde à vista. De frente para o papel
fotográfico, o espectador é convidado
a procurar os detalhes da imagem, a
seu ritmo e vontade. Observando e
ouvindo, dentro do loop da moldura.