Na sua prática artística, Margarida Fragueiro questiona e imagina a interação entre símbolos, seres e contextos, atenta à criação e inerente subjetividade de micro e macro percepções.

Flutuações Pendentes é um projeto que nasce da relação simbiótica entre boias e cracas, propondo uma reflexão sobre o objeto e o imaginário da bóia, enquanto adereço que pode auxiliar e potenciar uma superação de limites, tanto para o ser humano como para espécies como as cracas. A bóia assume-se, na investigação de Fragueiro, não só como entidade flutuante que existe sob diversos formatos, materiais e funções em ambientes aquáticos naturais e artificiais, mas também como destroço e lixo encontrado nas orlas costeiras. Fruto do paradoxo entre produção, danos ambientais e sociais, Flutuações Pendentes concretiza-se entre o real e o insólito, ao imaginar um espaço onde boias recolhidas das costas das ilhas do Faial, Terceira e São Miguel* e do distrito do Porto, possam ser reanimadas ou reformuladas, reclamando novas ou velhas funcionalidades. Aqui, a bóia ultrapassa a sua condição de objeto negligenciado e dinamizam-se ações de limpeza das orlas costeiras, na consciência de que esta não é uma verdadeira solução.

*Onde a artista participou em ações comunitárias de limpeza do lixo marítimo, através da campanha Açores Entre Mares, promovida pela Direção Regional dos Assuntos do Mar - Governo dos Açores.