Hypogeum: do grego hypo (sob) e gaia (mãe
terra), é um templo subterrâneo ou tumba.
A história afirma que os Açores
foram povoados pela primeira vez
pelos portugueses, porém, descobertas
arqueológicas recentes de Hypogea
sugerem que houve uma presença
humana anterior nas ilhas. As evidências
são escassas e a fantasia floresce em
torno dessas descobertas. Clementine
Keith-Roach parte destas especulações
arqueológicas e liga-as à sua experiência
pessoal para escavar uma área de terra na
ilha de São Miguel, revelando as camadas
estratificadas da história vulcânica.
Parecida com outras culturas
mediterrânicas da Idade do Ferro, diz-se
que a Hypogea encontrada nos Açores se
assemelha fortemente a uma necrópole
etrusca encontrada perto de Roma que a
artista visitou no início deste ano. Naquele
local, toda a necrópole é cinzelada de
uma camada de tufo vulcânico, cinzas
petrificadas de uma erupção pré-histórica.
As Hypogea funcionavam como casas
para os mortos, estucadas com réplicas
esculpidas das ferramentas e objetos
necessários para a vida após a morte.
Aqui existe uma sobreposição de
temporalidades: as rotinas quotidianas da
vida humana, a perpetuidade da vida após
a morte e a vastidão do tempo geológico.
A artista usa terra exumada para criar
uma série de moldes, que representam
os fragmentos do seu corpo e objetos
contemporâneos relevantes para a sua
viagem aos Açores (ao invés da vida eterna).