Walk&Talk — Bienal de Artes 2025
O Walk&Talk tem o prazer de anunciar a primeira edição da sua bienal nos Açores, intitulada Gestos de Abundância.
A decorrer por toda a ilha de São Miguel entre 25 de setembro e 30 de novembro de 2025, esta nova edição do Walk&Talk convida o público a explorar as abundantes interseções entre cultura, ecologia e espiritualidade. Inspirada pela paisagem única e pelas diferentes histórias dos Açores, esta primeira edição coloca uma questão transformadora: como podemos mudar a nossa percepção de escassez para uma de abundância cooperativa?
A bienal investiga a noção de comum e outras formas de nos envolvermos com o político: sonhar, colaborar, instituir, negociar espaços para viver, e revelar possibilidades concretas, mitos e esperanças. Estes conceitos irão guiar a pesquisa curatorial e moldar a estrutura programática da bienal, influenciando tanto a tipologia de atividades e ações a serem apresentadas como os processos de convite aos artistas e outros agentes.
Gestures of Abundance
O Arquipélago dos Açores é considerado como um território ultraperiférico, cuja primeira relação é por vezes a de escassez e falta, onde ainda muito falta fazer no que diz respeito às práticas artísticas contemporâneas. Na história da curadoria, encontramos vários exemplos de como trabalhar assumidamente a partir da falha, do que está em falta. O exercício de alterar esta abordagem impõe-se como forma de redescobrir, não o que falta, mas o que há, o que já está, até mesmo em abundância e, a partir daí, tecer relações que dão mais realidade comum, partilhada, ao que existe ou está ainda em potência.
Prosseguindo e estendendo o trabalho desenvolvido pelo festival homónimo que lhe deu origem, a programação da primeira edição da bienal Walk&Talk sublinhará a história da profusão diversa deste lugar, através do gesto de o olhar, não na sua dimensão ultra periférica, mas com um dos centros possíveis a partir do qual apreender os sentidos dos mundos que temos criado.
Ao longo da sua história e no presente, o arquipélago tem sido lugar de grande importância geoestratégica, tanto no que diz respeito às travessias transatlânticas, como em termos de posicionamento militar ou ecológico. O seu tecido social e histórico está impregnado de sinais que fazem deste lugar um ecótono ecológico e entre continentes — África, América e Eurásia —, entre as suas culturas, espiritualidades e materialidades. Cruzamento de águas oceânicas e vulcânicas, é um território que nos conduz incessantemente entre uma extensão horizontal imensa e a profundidade da história e dos elementos. Mundos-arquipelago estão em relação, como referiu Edouard Glissant, em movimento, em trânsito, em transmutação e transfiguração, com muitas histórias ainda por contar e trazer à experiência sensível.
Ou seja, em vez de falta, a Bienal Walk&Talk parte de uma zona de grande diversidade bio-cultural, cuja riqueza pode ser trazida à superfície por um trabalho de considerar e nutrir as sinergias e o fazer em comum, propondo-se, a partir daí, a abrir futuros possíveis.
Equipas Curatoriais e Artísticas
Com a curadoria e programação feita por uma rede comunitária de artistas, curadores e equipas, o Walk&Talk foca-se na inteligência coletiva para explorar a criação, experiência e sustentabilidade das práticas artísticas. Esta equipa central inclui as curadoras convidadas Claire Shea (Toronto, Canadá), Fatima Bintou Rassoul Sy (Dacar, Senegal), Liliana Coutinho (Lisboa, Portugal), o diretor artístico e curador Jesse James (Açores, Portugal), que trabalham colaborativamente e se envolvem criativamente com as restantes equipas da organização.
Primeiros Artistas Confirmados:
Novas comissões de Alice Visentin, ANDLab, Candice Lin, Colectiva MALVA, Ebun Sodipo, Helle Siljeholm, Gala Porras-Kim, Janilda Bartolomeu, Joana Sá, Lucy Bleach, Mae-Ling Lokko, Maria Emanuel Albergaria, Meg Stuart & Forum Dança, Nadia Belerique, Resolve Collective, Uhura Bqueer & Soya the Cow, e coproduções com o Hotel Europa e Os Possessos.
Mais artistas serão confirmados nos próximos meses.