07-06-2023
Um projeto que caminha: Walk&Talk dá primeiros passos em direção a Bienal
Após uma década de experimentação, investigação e reflexão, o Walk&Talk – Festival de Artes dos Açores, que tem acontecido anualmente, desde 2011, na Ilha de São Miguel, dá este ano os seus primeiros passos em direção a um formato Bienal, num caminho que se faz até 2025.
O processo de maturação do Walk&Talk, que decorre da sua capacidade de reinvenção e evolução, aliado à intenção de consolidar o seu papel, de forma mais ativa e constante, no questionamento de práticas artísticas contemporâneas, são elementos-chave que levaram à decisão de aplicar um modelo e formato Bienal.
A transformação do Walk&Talk em Bienal permite aprofundar a investigação artística e prosperar as condições de trabalho das equipas artísticas e de produção envolvidas, potenciando também um contexto colaborativo e o envolvimento de novos parceiros e agentes (locais e de outras geografias) dada a maior extensão de tempo disponível. Esta é também mais uma oportunidade para o Walk&Talk alicerçar a sua relação com o território, simultaneamente reposicionando-se e dilatando-se nos circuitos artísticos nacionais e internacionais.
PROGRAMA 2023/2025
A primeira Bienal Walk&Talk terá lugar nos meses de junho e julho de 2025, com epicentro na ilha de São Miguel, nos Açores. No entanto, o caminho para a Bienal tem início agora: ao longo de dois anos, o projeto desenrolar-se-á através de residências artísticas, ações públicas e projetos educativos, exposições, performance e música. A duração das ações no tempo permitem orientar as linhas temáticas a desenvolver na Bienal, e partilhar um programa em construção, aberto e plural, capaz de acolher propostas e estabelecer ligações mais sustentadas.
Nos próximos meses, iniciam-se várias residências artísticas com as diferentes equipas de curadores e artistas, convidados a desenvolver novas comissões/projetos para a Bienal, muitos deles em colaboração com investigadores, cientistas e instituições açorianas. As residências serão articuladas com um programa e ações de mediação e convite, que procuram ampliar relações com escolas, agentes e públicos locais.
A junho de 2024 (um ano antes da Bienal), inaugura oficialmente o caminho para a Bienal Walk&Talk, com um programa de partida, num fim-de-semana intenso de seminários, performances e excursões que contextualizam os temas e protagonistas da Bienal.
Em 2025, a primeira Bienal Walk&Talk terá a duração de 7 semanas, e a sua programação - tal como foi marca do festival W&T - estender-se-á por vários espaços da cidade de Ponta Delgada e da Ilha de São Miguel (museus, galerias, academia, espaços independentes, espaços públicos).
EQUIPA CURATORIAL
A Bienal Walk&Talk 2025 está a ser pensada por uma equipa de programação e curadoria, seguindo os processos de comunalidade que têm sido explorados e postos em prática ao longo dos doze anos de existência do Walk&Talk. Esta equipa artística reúne vários elementos, entre artistas, curadores e peritos e pretende-se que o seu crescimento seja gradual, com a definição das seções e eixos programáticos a originar novos convites e colaborações. Como um rizoma, a programação da primeira Bienal Walk&Talk sustém-se na base de um modelo de ordem horizontal que contém várias ramificações autónomas, resistindo assim, como tem sido próprio do Walk&Talk, a um modelo hierárquico.
SOBRE O WALK&TALK
O Walk&Talk surgiu, em 2011, como manifestação de uma geração à procura de espaço para se expressar, com vontade de encontrar novos trilhos e sem medo de falar. Ao longo de 12 edições (2011-2022), olhou para a ilha como ponto de interseção e construiu geografias afetivas, culturais e territoriais alternativas, que imaginaram outras centralidades e relações. A partir de um lugar periférico, o Walk&Talk chamou para si o mundo, fazendo caminho para o reconhecimento de novas e diversas perspetivas a nível local e global.
O percurso feito pelo festival inspirou e gerou outros gestos e projetos como a RARA e o PARES, e culminou, em 2020, na fundação da vaga - espaço de arte e conhecimento, casa da associação cultural organizadora do festival, a Anda&Fala. Hoje, com uma equipa que permite reforçar e desenvolver um trabalho continuado no território dos Açores, expande-se assim também o espaço de reflexão sobre a missão do Walk&Talk e os seus objetivos para a próxima década.
SOBRE A ANDA&FALA
A Anda&Fala é uma associação cultural sem fins lucrativos que promove novas centralidades para a criação contemporânea no campo expandido das artes visuais, facilitando a produção, apresentação e circulação de conhecimento, artistas e projetos. Operando a partir da Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, ambiciona envolver comunidades de todo o mundo.